terça-feira, 15 de junho de 2010

As novas configurações do saber

Posted on 13:08 by Jornalendo

(por *Glaucir Borges)

Barbero
afirma que o conhecimento sofre uma crise de identidade. Os modos do saber sofrem uma mutação. De uma sociedade do conhecimento para uma sociedade da informação ligada a sociedade do mercado. O saber escapa de seus lugares sagrados que antes o constituíam e o legitimavam. O autor chama de saberes mosaico aqueles que circulam fora da escola como como biologia, física e geografia. Para o autor a escola tende a entricheirar-se em seu próprio mundo.

Num segundo momento, o autor fada de outro plano de mudanças. São as novas figuras da razão que substituem o conceito de racionalismo da primeira modernidade. Há hoje uma consciência da complexidade das figuras da razão. Nada mais é preto no branco, certo ou errado. Um exemplo é o da imagem, que antes se convertia em obstáculo estrutural do conhecimento e hoje é colocada como exemplo. O computador não é uma máquina que produz objetos, mas que processa informações que são baseadas em símbolos e abstrações.

Outro ponto colocado por Barbero são as desconfigurações das relações de trabalho e da identidade do trabalhador. Durante a primeira modernidade, a capacidade de execução eram delimitadas de antemão para toda a vida. Algo que foi modificado pela tardia modernidade que configura a era da informação e do mercado.

A sociedade salarial, industrial, manual, conflitual, mas solidária, alicerçada nos sindicatos,começa a se transformar numa sociedade terceirizada, informatizada e menos conflitual, mas fraturada, dual, excludente e desregulada.

Vivemos uma dualidade característica do nosso tempo. Não sabemos exatamente para onde vamos. Tudo e todas as relações que conhecíamos parecem mudar vertiginosamente. E dentro desta perspectiva aparecem os otimistas e pessimistas. Nem tudo é desencanto. Nas palavras de Barbero, a descentralização dos saberes de seu lugar sagrado parece ser uma boa notícia. O conhecimento foca mais livre dos dogmas. Por outro lado as novas tecnologias também podem ser geradoras de exclusão. Achar o meio termo deve ser a chave para o desenvolvimento das sociedades.

2 Response to "As novas configurações do saber"

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Bibiana Friderichs Says....

a reinvenção da identidade, superando as estruturas criadas pelas sociedades tradicionais, que nos aprisionavam no espaço e no tempo, criando uma espécie de imobilidade intelectual e emocional, hoje nas coloca diante de um paradoxo: se nossa subjetividade se dá no exato momento em que construímos ou acessamos certas narrativas, é a informação um condicionante de quem somos?

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Tornado Magal Says....

"Vivemos uma dualidade característica do nosso tempo. Não sabemos exatamente para onde vamos." Será que não sabemos para onde vamos por que, mais do que nunca, somos livres para decidir e nos sentimos orfãos de um timoneiro, de alguém que nos diga por onde ir? Concordo com a Bibiana, que disse acima: "paradoxo: se nossa subjetividade se dá no exato momento em que construímos ou acessamos certas narrativas, é a informação um condicionante de quem somos?" Se Barbero coloca que "a descentralização dos saberes de seu lugar sagrado parece ser uma boa notícia. O conhecimento fica mais livre dos dogmas", creio que mais do que nunca podemos e devemos decidir por onde ir, configurar nós mesmos o nosso saber - como vamos construi-lo e o que nos interessa saber para nossa construção. Acho que sabemos para onde ir: para dentro de nós. Me parece ser a direção mais certa.

Susan Liesenberg

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