quinta-feira, 24 de junho de 2010
Dois hambúrgueres!
Posted on 09:08 by Jornalendo
Cedo se aprender a pedir: dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial...
(por *Ariela Dedigo)
Seguindo a linha de pensamento que vem sendo contruída desde o meu primeiro post adicionadas às pertinentes observações de Susan Liesenberg mais alguma considerações podem ser feitas a partir de observações do fast food da comunicação. Ontem à noite, uma passada pelas homes dos sites G1 e R7, dos principais grupos de comunicação do país, um olhar sobre as matérias mais lidas me fez questionar o que realmente vivemos no meio jornalístico - prefiro dizer da comunicação já que o próprio conceito de jornalismo passa por uma (des)construção/(re)construção. O que está dado nesse banquete é a falta do mâitre e do chef de cozinha para nos indicar os caminhos da harmonização ou pessoas com um paladar que prefere mesmo os pratos conhecidos, de fácil digestão e, de preferência, acompanhados de uma bebida que não cause ressaca?
Enquanto as capas dos dois sites tinham em seus espaços nobres da home manchetes, fotos e chamadas para a tragédia das chuvas em Alagoas e Pernambuco as mais lidas indicavam no R7 matérias sobre Ana Maria Braga, Sheila Carvalho, Sthefany Britto e Mãe de Chitãozinho e Xororó. Já no G1, Danilo Gentilli (envolvido em duas mais lidas), Werner Shünemann e matéria sobre um casal flagrado fazendo sexo na praia. O que mais chama a atenção é que não justificaria nem mesmo dizer que é uma questão ligada ao tempo em que cada matéria ficou em destaque de capa, já que, acompanhando os sites durante o dia, percebi que as manchetes se mantinham as mesmas, ou seja, a situação caótica de dois estados do nordestes brasileiro.
Aí reside uma reflexão necessária. Antes de culpar a imprensa e dizer, algumas vezes levianamente e outras não, que ela não "cumpre seu dever" não seria preciso olhar também para o comportamento dos consumidores de informação? Não é ele quem procura esses assuntos que se tornam os mais lidos? Não é ele quem clica? Não é ele quem gosta - e não entrarei nessa discussão de porque gosta - desse tipo de informação? Esse não é o seu interesse já que procurou por ele? Então porque tanto purismo e/ou falsa proteção de ver o "pobre público" como vítimas de um processo que eles endossam? Nesse banquete, que cada um fique como responsável da parte que lhe cabe. Uns por oferecerem exageradamente a comida pronta do fast food. Outros, por simplesmente se acomodarem a pedir sempre o Big Mac nosso de cada dia!
Enquanto as capas dos dois sites tinham em seus espaços nobres da home manchetes, fotos e chamadas para a tragédia das chuvas em Alagoas e Pernambuco as mais lidas indicavam no R7 matérias sobre Ana Maria Braga, Sheila Carvalho, Sthefany Britto e Mãe de Chitãozinho e Xororó. Já no G1, Danilo Gentilli (envolvido em duas mais lidas), Werner Shünemann e matéria sobre um casal flagrado fazendo sexo na praia. O que mais chama a atenção é que não justificaria nem mesmo dizer que é uma questão ligada ao tempo em que cada matéria ficou em destaque de capa, já que, acompanhando os sites durante o dia, percebi que as manchetes se mantinham as mesmas, ou seja, a situação caótica de dois estados do nordestes brasileiro.
Aí reside uma reflexão necessária. Antes de culpar a imprensa e dizer, algumas vezes levianamente e outras não, que ela não "cumpre seu dever" não seria preciso olhar também para o comportamento dos consumidores de informação? Não é ele quem procura esses assuntos que se tornam os mais lidos? Não é ele quem clica? Não é ele quem gosta - e não entrarei nessa discussão de porque gosta - desse tipo de informação? Esse não é o seu interesse já que procurou por ele? Então porque tanto purismo e/ou falsa proteção de ver o "pobre público" como vítimas de um processo que eles endossam? Nesse banquete, que cada um fique como responsável da parte que lhe cabe. Uns por oferecerem exageradamente a comida pronta do fast food. Outros, por simplesmente se acomodarem a pedir sempre o Big Mac nosso de cada dia!
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1 Response to "Dois hambúrgueres!"
Procurar oferecer informações 'úteis' e serviços bem elaborados para facilitar a vida cotidiana do leitor é fundamental no jornalismo, como é imprescindível também que se ofereça aquilo que erroneamente chamamos de 'fútil' (daí meu destaque nos termos anteriores). São os leitores quem decidem o que lerão. Se Ana Maria Braga e Sheila Carvalho interessam mais do que Serra e Dilma, há que se respeitar isso. É decisão deles. Problemático seria se sites informativos apenas oferecessem Sheilas e Anas Marias, mas não é o que ocorre. E, sendo assim, se Sheilas e Anas são procuradas, clicadas - o que requer uma decisão e um esforço cognitivo do leitor, e não um efeito casual - é importante analisar o que o público está buscando nessas informações. Jornalistas precisam, antes de qualquer coisa e mais do que nunca, perguntar aos leitores o que eles querem ler/saber -seja indigesto ou não -, e não julgar o que é 'mais importante' por eles, a exemplo do que tanto se vê sendo feito.
Susan Liesenberg
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