sexta-feira, 9 de julho de 2010

Eskup es periodismo?

Posted on 10:45 by Jornalendo



(por *Ariela Dedigo)

Que os jornais buscam formas de sobreviver, ou no mínimo de se adaptar, ao novo cenário da informação e o desenvolvimento de negócios digitais não é novidade. Pensar o jornalismo no contexto contemporâneo também não é tarefa fácil. Talvez, antes buscar definir se blog é jornalismo, se é possível fazer jornalismo no twitter, plurk ou em qualquer outra rede social ou ferramentas disponíveis, o momento seja propício para observar o que está sendo feito, apropriações, alterações e adaptações de relações, formas de diálogo e de publicização de informação.

Seguindo essa proposta de observação, falemos um pouco sobre o Eskup. Lançado no mês passado pelo El País - diário espanhol reconhecido pelo pioneirismo e investimento em tecnologias e produtos que se adaptem a essa realidade das tecnologias de informação e comunicação (TICs) - o Eskup é uma espécie de twitter, que possibilita que os internautas se manifestem, mas com dobro de caracteres, ou seja 280. A proposta é converter a redação em uma rede social e proporcionar que o leitor esteja conectado com os jornalistas discutindo, compartilhando e conversando sobre temas da atualidade.

A interface é muito simples. São criados canais de discussão de acordo com temas e o leitor/internauta, após criar seu perfil na rede, pode interagir com os jornalistas e outros integrantes da rede. Operacionalmente é possível compartilhar vídeos, fotos etc. Mas dois aspectos sobre o Eskup parecem saltar aos olhos.


Primeiro, o que levaria uma empresa a investir no desenvolvimento de uma ferramenta própria de rede social enquanto aplicativos podem ser usados para incorporar outras redes ao sites e blogs - como o Twitter, por exemplo? É possível pensar que existe aí um planejamento comercial que inicialmente não chega a nós, leitores. Podemos ser surpreendidos em breve. Mas é interessante ficarmos atentos à isso. Enquanto a rede oferece ferramentas gratuitas alguns investem em aplicativos próprios e outros decidem aproveitar o que já existe disponível - um exemplo disso são as coberturas em tempo real usando o cover it live. Outra hipótese para que veículos como o El País optem pelo desenvolvimento de seus próprios meios também pode ser, além da questão comercial, uma visão clara do quão "pseudogratuitas" ou "pseudolivres" seja a utilização dessas redes. Exemplo disso são as comunidades do Ning, que passaram a ser pagas. Ou seja, rede gratuita e livre até a página dois da história.


A segunda perspectiva interessante veio de um post do blog Periodistas 21, escrito por Juan Varela, jornalista e consultor de veículos de comunicação. Em um post sobre como os grande diários espanhóis se posicionam diante da aposta da informação digital, ele afirma que o Eskup busca "ampliar la potencia del periodista como marca personal". Observa-se que as mídias digitais, depois de um movimento forte de incorporar o jornalista à empresa vem personificando, dando cara a quem está na redação, na frente de batalha. Exemplo disso não é nem só o Eskup, mas os perfis pessoais de jornalistas que utilizam as redes sociais como e para fins profissionais.

Aqui claro, cabe mais um série de discussões. Perfis pessoais de jornalistas que são monitorados pelos veículos, a questão da impossibilidade de sermos fragmentados - ora profissional, ora pessoal nas redes sociais - e de sermos devidamente interpretados nesses papéis diferentes por aqueles com quem nos relacionarmos, o risco de potencializar ainda mais a egolatria dos jornalistas e uma infinidade de outros questionamentos. Mas o que se propôs aqui é simplesmente casar olhar e reflexão sobre algo que está acontecendo conosco e entre nós. Que és Eskup? Se é jornalismo, não se sabe. Por isso, talvez a questão seja tirar o jornalismo daquele velho arquivo, indexado lá na letra J, e falarmos então dos fluxos de informações nesses novos espaços de diálogos que nos são apresentados a cada dia. Seguimos observando... e discutindo, sempre!

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