sexta-feira, 23 de julho de 2010

O mundo do futuro

Posted on 20:30 by Jornalendo

(por *Glaucir Borges)

Na última sexta, dia 16, eu fui ao show do Capital Inicial, no Pepsi On Stage, em Porto Alegre. Lá eu me deparei com algo curioso e sintomático destes nossos tempos de hiperconexão. Logo depois de começar o show, a banda mal tinha aparecido para a primeira música, boa parte da platéia imediatamente sacou o seu celular e começou a gravar. Foi uma imagem impressionante, centenas de pessoas estáticas, assistindo ao show através de uma pequena tela, ao invés de pular e aproveitar os acordes do bom e velho rock and roll. Elas pareciam querer gravar o show para assistir em casa.

Na sociedade hiperconectada, muitos daqueles vídeos do show inevitavelmente foram parar no youtube. Primeiros erros em Porto Alegre, 16/07, postado por fulaninhadetal. Isso é o que Paula Sibilia chama de O show do eu. Todos querendo uma migalha de fama virtual, nem que seja através de Dinho Ouro-Preto e cia. A tecnologia muda cada vez mais a relação das pessoas com as outras pessoas e o mundo ao seu redor. Computadores, celulares, parecem se tornar extensões dos corpos das pessoas. Algo estranho para alguém como eu, que acessou a Internet pela primeira vez aos 16 anos e ainda compra CDs e livros de papel. Fico pensando se um dia, como no filme O Exterminador do Futuro, as máquinas ganharão existência própria e escravizarão a humanidade.

1 Response to "O mundo do futuro"

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Tornado Magal Says....

Na última Compós, sediada em junho, na PUC-Rio, as pesquisadoras Simone Pereira de Sá e Ariane Diniz apresentaram um artigo discorrendo justamente sobre show do U2 feito ao vivo nos EUA e exibido simultaneamente pelo YouTube. Além disso, muitas pessoas, do local do show, mandavam vídeos e imagens pelos seus gadgets pessoais, o que configurava, tudo isso, numa nova performance da banda e uma nova forma de percepção e participação do público possibilitada pela tecnologia. A experiência se enriquece quando ocorrem novas formas de sensação e percepção, que podem também ser compartilhadas. Além disso, máquinas não agem por si, mas reagem aos mecanismos programadas que nós, humanos, lhes damos.
Não seremos nem somos vítimas desses seres inanimados, portanto, a não ser que queiramos, e daí o problema é nosso, Glaucir.

Susan Liesenberg

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