quarta-feira, 14 de julho de 2010

Tecnologia e jornalismo em tempos de convergência

Posted on 19:58 by Jornalendo

(por *Luiz Otávio Soares)

Quando se trata de implantar um processo de convergência entre distintos meios, não basta resolver os fatores econômicos. Logísticos e tecnológicos; um desafio prévio a esses aspectos é o de implantar uma nova cultura profissional de muita confiança e disponibilidade de colaboração.

Se deseja que os meios colaborem entre si, é imprescindível que alguém os coordene e que se cumpram as regras de funcionamento. Essa pessoa deverá ser responsável em instaurar certas “leis federais” que todos os meios e seus repórteres estarão obrigados a respeitar e que permitam uma colaboração entre eles.

Está claro que qualquer empresa jornalística prefere que seus meios sejam complementares entre si, no lugar de reduntantes. Hoje em dia, no entanto, assistimos a uma situação, até certo ponto cômica, em que todos os meios de um grupo se esforçam para publicar tudo. Como resultado dessa falta de estrategia editorial, o público termina recebendo os mesmos conteúdos várias vezes em plataformas diferentes.

Todo jornalista sabe que, salvo que se trate de exclusivas, não tem sentido que os jornais impressos reservarem informações para o dia seguinte, pois o público terá acesso a elas com toda a segurança através de múltiplos meios digitais e audiovisuais minutos depois de saber do ocorrido.

Hoje, no entanto, grande parte dos sistemas de edição seguem sendo estritamente monomedia. Permitem realizar trabalhos de produção, gestão e publicação de conteúdos para um único suporte. O jornal, a rádio, a televisão e internet contam com seus próprios sistemas independentes.

Comparações entre The guardian e Estado de São Paulo:

THE GUARDIAN
• As mudanças permitiram, por exemplo, que as reportagens do the observer tenham um suporte multimidia adequado.

• Usuários podem publicar conteúdos diretamente. O jornalista filtra a informação (editor de conteúdo) - Web 2.0 - (gatekeeper)

• The guardian.co.uk produz suas própria reportagens.

ESTADO DE SÃO PAULO
• As redações trabalham no mesmo espaço físico. O plano é que trabalhassem conjuntamente. Integrá-las. Apenas uma REDAÇÃO para todos os veículos do grupo.

• Uma única redação de repórteres ofereceria conteúdos a equipes de editores específicos para cada um dos meios.

• Mas a proposta mais importante não veio com a reforma gráfica e nem com a ordem das seções. A proposta principal foi instalar em cada meio – esta vez jornal e página da web- uma mesa de edição central.

• Na segunda fase das modificações, essas mesas se integrariam por um simples procedimento de juntar-las uma ao lado da outra no centro da redação.

• Essas mesas são cruciais. Os chefes dos distintos meios falam entre si, os repórteres também.

• Na Mesa Central os editores/jornalistas trocam informações e negociam decisões.

“Web 3.0”, também conhecida como “Web Semântica”, que será uma internet “mais inteligente” do que a internet que vimos nascer. Há hoje uma enorme quantidade de informação nas redes, e as questões fundamentais têm sido como organizá-la melhor e como tirar melhor proveito desse enorme banco de dados.

O mais irônico é o fato dessa “internet mais inteligente” depender da intervenção humana para funcionar bem. A informação que trafega pela web não é compreendida pelos computadores. As máquinas não entendem o significado das palavras e é por isso que, muitas vezes, nossas buscas atingem resultados descabidos.

Surgiu a ideia de “ensinar aos computadores” o significado da informação. Esse é o fundamento da web semântica: usar uma linguagem que representa a informação, que dá significado aos seus conteúdos. Computadores não sabem diferenciar entre sujeito, verbo e predicado numa frase.

Para isso foi desenvolvida a linguagem RDF (Resource Description Framework), uma linguagem que “representa a informação”. Por meio dela, cada termo ganha um significado associado, previamente atribuído pelo usuário, que classifica os elementos de um documento conforme sua ontologia.

O uso de RDF ainda é restrito nas empresas jornalísticas. Experiências pioneiras surgiram nas mídias digitais do New York Times e do The Guardian, que já oferecem conteúdos com seu código aberto a desenvolvedores. Assim, esses conteúdos podem ser publicados em numerosos aplicativos desenvolvidos por terceiros, tal como um software de código aberto. Mas esse é apenas um pequeno passo dentre as múltiplas possibilidades que a web semântica oferece.

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